sábado, 26 de abril de 2025

Extremos

 Árvores que buscam tocar os céus 

Devem mergulhar as raízes no inferno

Tudo na vida é tênue e efêmoro 

Não vivas como se fosses eterno

O amanhã é uma incerteza 

Somos kintsugi

É na imperfeição que está a beleza 

Na luz que toca a escuridão 

Na calma encontrada na confusão 

 No recuo frente ao progresso 

No avanço e no retroceso 

Não seremos o que somos

Somos constante processo 

Entre o próximo e o distante 

Somos o instante 

O instinto 

Não somos o que há em comum 

Mas o pequeno detalhe distinto 

As marcas de batom e manchas de vinho tinto 

A incerteza, e a coragem 

O passo em frente ao desconhecido 

Somos o diferente, somos o parecido 

Somos o destino e a viagem 

Somos sul e norte

Azar, e sorte 

Somos o fugir da vida

E o namorar da morte 

Somos o que perdemos, 

Somos o que ganhamos 

Somos o que somos

Somos humanos 

Néctar de ti

 A linha tênue entre foder e fazer amor 

Entre o obsceno e a arte 

Gemidos, de algo entre o prazer e a dor 

Sede de algo que não pode saciar-te 


Beijos pelo pescoço que incendeiam 

E deixam, a roxo, memórias na pele 

Troca de olhares que em silêncio se anceiam 

Entre doce e picante, malagueta e mel 


Néctar de ti, que minha língua procura 

Suspiros que se ouvem dispersar 

Por entre a noite escura 

Promessas de quem não se sabe nem quer largar 


Traços vermelhos marcados pelas costas 

E unhas que se vincam nos ombros

Como se eu adivinhasse tudo o que gostas 

És o templo que venero, mas deixo em escombros 


Como quem desfaz porque o sabe fazer 

Só para construir de novo, moldada a mim

Em cada momento que te contorces de prazer 

E sentes que mais nada te faz senti assim


O descontrole trazido por mim olhar, um toque...

Que te faz suspirar, com a vontade de entrega 

Mordida no lábio, que leva a mente a reboque 

Doce perdição, na tentação da nega 


Como se cada batida desse coração 

Estivesse sobre o controlo da minha vontade 

E tu, mergulhada no meu ser 

Sabendo que é quando te prendo que sentes liberdade 


Entre os barulhos da cidade

Ou os murmúrios da floresta 

Sentes-te embriagar pela minha sobriedade 

Até que minha respiração em teu ouvido é tudo o que te resta 


 Instinto animal de quem se devora 

Como quem tenta correr atrás do tempo

Quando se sabe que já passou da hora 

Mas, ainda assim, procura esse alento 


Anjos tapam a cara, corados 

E cada demônio tira o seu apontamento 

Enquanto contemplam meus dedos, em ti marcados 

E ouvem gemidos, que se não fossem do prazer, pareceriam de sofrimento 


Entre o toque gélido do azulejo

Que morde teu corpo 

E o calor do meu, quando te beijo

E sussurro ao ouvido, quase em sufoco


O quanto me deixas louco 

É o que mantém a minha sanidade 

Enquanto derretes sobre mim,pedes  mais um pouco

E em nosso suor dissolvesse a realidade


Entre o gostar e o puro desejo 

Numa promessa da eternidade que não se sabe se vem 

Um pacto, selado com um beijo

Num momento em que parecemos olvidar da existência de mais alguém 


Até a exaustão nos levar 

Depois desses momentos que não se conta a ninguém 

Adormecem corpos suados, sem se largar 

E sabemos que até acordar, estará tudo bem


Num despertar com a contemplação 

Das marcas, testemunhas de uma noite de prazer 

Com músculos doridos, e memórias de gemidos e satisfação 

Que a lua se escondeu atrás de nuvens, para não ver

quinta-feira, 17 de abril de 2025

No escribo poesía

Sabes...
Tontería, si que me gusta la poesía,
Pero no la escribo.
Yo intento, fallo y vivo.
Sonrío de las lágrimas que me caen de repente,
Y lloro con en beso regalado a mi frente.
Me calmo con el dolor, y estoy condenado a sufrir,
Pues siento que, para el amor, yo soy indiferente.
Soy gris, en 50 grados de color, soy el payaso que intenta ser feliz. Soy un loco... Un poco cada vez más, volando y condenado a caer ...
Soy lo que fue y lo que quiero ser...
Un alma condenada a partir ... Yo no escribo poesía... Solo escribo sobre la poesía que es vivir

domingo, 6 de abril de 2025

My own chain

 I want to write...

I want to brain storm

But there's a storm in my brain

And I'm feeling I'm losing the fight 


I say everything is alright,

While wondering if everything will ever be alright 


Sometimes i struggle to get out of my bed 

And feel I need to run away

From inside my own head 


Step the gas in the highway 

Not knowing where I go

But going away from what is behind 


And I don't want to hide from anything 

Or hide anything I'm , but seems I don't get rest

Is easier when I'm alone in the forest 

Where every wild animal should be 


If I don't see anything binding my arms or feet 

Why can't I feel I'm free 


Why I don't see wounds 

Yet feel this pain


Maybe that's it ...

I've become my own chain 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Lost

 I find myself lost, while trying to find myself 

And wonder, if being lost is what I'm meant to be

When I'm lost, I'm free 

Free from the illusion 

That someone is waiting for me 

I'm as dark as the shadows I belong 

I'm nor right or wrong 

I'm what's left...

Something between what I was

And what I wanted to be 

Like a tree...

That tried to rise high to the sky

And ended with my roots deep in hell

I'm the caster and the spell 

A heart that beats faster 

When wondering if it shouldn't beat 

Something many wanted to have

But never tried to keep 


I'm no poet, and I can't write poetry 

Even if I would love to be able to do so


I'm something that seems to belong everywhere 

But don't have anywhere to go 

No matter how much I walk 


But maybe that's the poetry of my being 

The one I decided to talk...


domingo, 30 de março de 2025

Perco-me

 Perco-me...

Nos meus pensamentos, e na floresta

Agarrado aos bocados

Daquilo que me resta 

Perco-me e sinto-me por todo o lado 

E sem nenhum lado para estar 

Perco-me porque me sinto quebrado 

E impossível de reparar


Perco-me no meio da escuridão...

Para me poder encontrar


Perco-me como perdi a poesia 

Como perdi o amor 


Mas encontro-me, com o nascer do sol e um novo dia 

Como por magia, acordo sonhador 

Conhecedor e sapiente 

Pois de repente, entendo que o que procurava 

Sempre esteve no meu interior 


Eu sou o amor que dava 

E que quase se esgotou 

Por não o saber dar, ou dar-lo de forma errada 

Mas aquilo que procuro, é, na verdade, aquilo que eu sou


As cicatrizes de quem errou

As rugas de quem conquistou memórias felizes 

O nome que dizes, quando estás triste e procuras sorriso 

Este ser que existe na sua loucura, e rejeita o juízo 

Sem juízo de valores

Vê o amor nas borboletas e no desabrochar das flores 

E talvez por ser sombra, adore a luz de um novo dia 



E eu...lembrado por uma pena, do verdadeiro significado:

Que nunca poderei perder a poesia 

Quando ela me encontra, em qualquer lado 



segunda-feira, 24 de março de 2025

Que te roa o que não fomos

Olha-me enquanto passo

Sente o espaço
A distância do que fora proximidade
E a ilusão do que era realidade
Mas nunca mais será verdadeiro

Olha-me e morde o lábio
Tenta ignorar as memórias que te trazem o meu cheiro
E sente-te ruida pela saudade
De tudo o que foi, e do que não será
Amaldiçoa as noites que teriam sido
E o não me teres contigo
Ao despertar pela manhã

Mas não maldigas a sorte
Pois foram os teus próprios passos
Que te privaram do meu toque


domingo, 16 de março de 2025

Porquê que ninguém me transforma

 Hoje não queria ser o poeta...

Não me apetece ser o escritor 

Não sei qual é o meu problema 

Porquê, por uma vez, não posso eu ser o poema ?

E receber um pouco de amor ...

Se toco tão intensamente como dizes...

Porque é que estou condenado 

A guardar em palavras, as memórias felizes

Para não voltar a ser visitado 

Se transformo tudo em poesia...

Porque me perco na nostalgia, a olhar pela janela 

Se o meu toque tem magia...

Porque é que ninguém me toca, e torna nela 


Se sinto demais...e sou intenso demais...

Será que isso me condena a sentir-me vazio de mais 

Pois faço transbordar tudo o que em mim há...

Ou havia...


Mas se enfrentro os meus problemas...

Troco sorrisos por poemas...

Porque será que nunca ninguém me transforma em poesia 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Comida e sexo...

 Comida...

Porque há sabores que alimentam a alma

Que excitam a mente 

E ao coração trazem calma 


Porque há pratos que sabem a casa 

Que cheiram a memórias 

Que tem o sabor da brasa 

E de partilha de histórias 


Porque pode ser terapêutico cozinhar 

E é linguagem de amor, quando o fazem para nós 

Porque são palavras que não precisam de voz 

E cafuné no estômago, entre temperos e sabor 


Porque há pratos que me deixam prepelexo 

E algo feito com carinho 

Pode ser tão bom como sexo

E tudo sabe melhor, se não for sozinho 


E que se foda a internet, Facebook e rede 

Às vezes o bom é a roupa rasgada 

Dentes no pescoço, encostar alguém contra a parede 

E fingir que não existe mais nada 


Porque pode-se fuder um corpo, e fazer amor com a mente 

Ser bem mais animal, e nem parecer gente 

Como se pode fuder uma mente, antes sequer de despir 

Deixar a pele a desesperar por um toque ardente 


Porque há pele que fica linda entre marcas roxas 

E orelhas que ficam bem mais quentes 

Quando abraçadas entre coxas 

E o saciar o que queres e o que sentes 


Porque gemidos ao ouvido

Soam como poesia 

O cumprir de todo o prometido 

O realizar de cada fantasia 


Porque há coisas que aquecem o coração 

Que nos excitam a mente 

Enquanto se espalha roupa pelo chão 

Enquanto o corpo se toca e se sente 


Porque nem tudo tem de ser tão complexo 

Às vezes é o saciar da fome 

Pode ser só e apenas sexo 

Como a simplicidade cm que se come 


E ha que se saber foder 

Com a facilidade que a vida nos fode

Enquanto o coração bate, há que viver 

E comer, o que nos apetece...como se sabe, ou como se pode```

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

What a journey

 What a journey ...

When you can't word what you feel

And you feel with such intensity 

You wonder if you are even real 

Or a byproduct of your own insanity 


In the white pages I found my therapy 

A place I could vent 

Where my tears could fall

Where my mind could be absent 

And let the heart pour it all 


But I'm afraid, memory might fail 

And make me forget of my way 

There ain't a crumble trail

Nor the scent of the flowers of may 


So I trapped the feelings in the pages 

And the pages in a cover 

It now resembles a book 

Where I can find myself over 

When I forget where to look 


But I don't write poetry 

So it's name whispers to me, as I sit 

That the world has poetry 

And I just write about it 

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Somos

 Não somos só o que somos

Somos tudo o que podemos ainda ser

Massa para moldar 

Espaço para crescer

Capacidade para se adaptar

Garra de vencer


Somos frágeis e com medos

Somos sonhos e vontade 

Somos sussurrados por segredos 

Enquanto procuramos a nossa verdade


Somos poema, sem métrica definida

Em que cada verso disperso

Conta uma página da nossa vida

Onde por vezes falta rima, ou razão 

Onde sentimos tão intensamente 

Que rasgamos o nosso coração 


Somos luz na escuridão 

A luta por um amanhã melhor

Numa vida tantas vezes tão puta

Onde suplicamos a tantos deuses

Mas nenhum deles nos escuta


Somos a superação, e a separação 

Somos aleatórios e imprevisíveis 


Somos a prova viva, que não há impossíveis


(Um agradecimento especial a Sandra May)

Extremos

 Árvores que buscam tocar os céus  Devem mergulhar as raízes no inferno Tudo na vida é tênue e efêmoro  Não vivas como se fosses eterno O am...