sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Aos heróis anónimos

 Era o teu aniversário

Mas escolheste não beber 

Escolheste manter o telemóvel do lado 

Sabias que a serra estava a arder 

Sentias que ias ser chamado 



Diziam para víveres mais 

Enquanto elas colocavam maquiagem 

Colocavam os vestidos apertados

Ela apertava a farda 

Fiel aos seus ideias 

Partia para mais uma viagem 

Fumo por todos os lados 

As sirenes em direção ao cimo da serra 

A missão, 

A dedicação a essa guerra 

Pelas pessoas 

Pelo país , a tua pátria e tua terra 


Para todo aquele que não fala, mas faz

Por uma voz que não se cala

Por todo aquele que no uniforme trás 

Vestida a cor da esperança 

Por quem enfrenta às chamas 

Quem protege o que amas 

Seja a casa ou a criança 

Por quem fica para lutar 

Para que tu possas partir 

Por quem consegue te acalmar e sorrir 

Quem não exita em ir, mesmo sabendo que pode não voltar 

Quem devia ser o último a intervir 

Quem vai, quando o país todo falhou outra vez 

A continência por quem foi, quando esitaste 

Enquanto fugias,  eles seguiam em direção ao inferno 

Por cada bandeira a meia haste 

Para que cada um de vocês seja eterno 

Vistam vermelho, azul ou camuflado 

Enverguem beije ou amarelo 

Que tenham sempre Portugal ao vosso lado 

Que o futuro possa ser mais simples e belo 

Que não tenham de sentir o impacto do cutelo 

Para que não hajam mais bandeiras a tapar caixões 

Que o governo e o povo possam ver 

Tanto que há para fazer 

Tudo o que se pode evitar 

Do Quim da adega ao chefe da presidência 

O país tem de mudar 

Alterar a lei e consciência 

Aos soldados de camuflado 

Aos policías , aos soldados da paz 

A todos os que tudo arriscam e lutam lado a lado 

Aos que caminham sobre o chão em brasa 

Para que alguém que não conhecem 

Possa voltar a dormir em casa

Um obrigado 

Quando um obrigado nunca será suficiente 

Mas tantas vezes fica a faltar 

Para que o país deixe de idolatrar futebol

Deixe de se tentar matar por pênaltis roubados 

Para de se preocupar com as férias, no Algarve ao sol

Enquanto heróis sem capa arriscam a vida 

Porque ninguém fez o que devia 


Porque Portugal podia ser tão melhor...


Talvez seja...um dia 


quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Sou o medo

 Sou a ansiedade 

De sentir o escorrer da areia nas ampulhetas 

O roubo da tua liberdade 

Sou as correntes e as grilhetas 

Alimento-me da tua sanidade 

Enquanto te vejo desistir 

De cada oportunidade 

Simplesmente porque me estás a sentir 


Por mim, tremem no escuro 

Evitam tentar 

Perdem o presente, com receio do futuro

Sem se conseguirem aperceber

Guardam a razão em segredo 

Não há sitio onde se possam esconder 

Vivo no vosso coração 

O meu nome é Medo

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Assim é a vida

 Assim é a vida 

Algures entre a luz e a escuridão 
Procura da tua alma
Ou de uma definição
A procura da calma

Quando tudo ta tira 
Ou a procura da emoção
Quando o pulmão mal respira
Sentir a solidão
Sempre que a vida te tira
Mais um pedaço do teu coração
Na forma de alguém roubado
Enquanto perdes tempo com o que não se pode mudar
E não dás valor ao que tens ao teu lado
Até que o deixes de ter

Assim é a vida
Algures entre a sanidade e a loucura
A tentativa de a fazer durar mais
Sem dar mais significado enquanto ela dura
Sempre pensando para onde vais
Sem aproveitar onde estás
Alheio ás coisas boas
Enquanto sentes medo das más

A tentar entender as pessoas 
Perdendo a conta a tentativas vás
Esquecendo quem magoas
Enquanto a mágoa te traz 
Nada mais que uma ancora 
Que te prende a um passado
Que te deixa para trás  
Enquanto ficas ofuscado
Pela escuridão que a noite acompanha

Então, sente o coração
Se queres mudança, então sê essa revolução
Mostra vontade tamanha 
Para que só tu mesmo te possas parar 
Seja o que te inspire
Ou quem queiras inspirar
Enquanto consegues respirar
Não te permitas olvidar 

Pois assim é a vida
E o relógio não vai parar