terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Loucura

Vivo num estranho limbo entre os vectores que separam as dimensões...


Por vezes a procura pelo caminho que demonstra sanidade, faz-me duvidar que tal caminho faça sentido.
Repleto de máscaras e supostamente certos e politicamente corretos e telhados de vibro que podem se quebrar se, sem querer , fizermos alguém sequer repensar os fundamentos da religião que tanto apregoam.

Vontade de os desafiar a jogar uma roleta bíblica...
A levantar a minha voz, em tom tão sarcástico como a minha expressão sorridente, e desafiar todos para abrirem os seus livros sagrados numa página ao calhas, e seguir exatamente o que lá está exposto durante o resto do dia.

O último a ser preso...vence

Outras vezes sinto-me subterrado, entre os escombros do que eram outrora os meus sonhos e certezas e objectivos...

Custa respirar entre este ar poeirento, custa olhar para trás e ficar confuso, entre as vezes que não me reconheço no que fui, e as vezes que; o que fui; não reconhece ou aceita quem está perante ele...

Dou por mim a pensar que seguir a suposta sanidade das massas é, isso sim, um atestado selado de loucura.

Por vezes apontam-me os dedos...julgam os pequenos detalhes que falhei em esconder. Ou os que revelei, para dar uma pequena ideia do que sou, por trás das máscaras e leis e supostos corretos que tão bem sei usar e dizer mas que nada me dizem e em nada me parecem úteis... Apenas para ver a expressão assustada e confusa desses humanos, que mal sabem que mal tocaram a superfície de algo tão profundo...


As vezes...dou por mim a olhar no espelho, dentro do reflexo de mim mesmo.
Sabendo e sentindo o quanto sou capaz de apreciar a loucura e tudo aquilo que tenho escondido dentro de mim mesmo...

E, nesses momentos, procuro vislumbres de sanidade para acorrentar essa caixa de Pandora que sou. Sabendo que gostaria demasiado de deixar alguns desses monstros que sou virem cá fora para brincar.

E esses, fazem a minha própria pele arrepiar em calafrio

Vamos seguindo

 Tempo voa...

E, ainda que por vezes arrastados, vamos seguindo em frente 
Mesmo quando magoa
Na loucura de repetir erros e esperar um resultado diferente
Não importa quanto doua
E há quem doe
Tanta falsidade e dor
Misturado em promessas de para sempre
E juras mascaradas e apelidadas de amor

Mas seguimos em frente
As vezes fugindo...
As vezes olhando e sentindo saudades do que ficou para trás

Ás vezes correndo e procurando
Outras reticentes, adivinhando as tempestades que o amanhã trás

Sonhamos, tentamos, falhamos
Sorrimos...é assim que nos mascaramos e evitamos perguntas
E nos fazemos parecer aos humanos
Erramos...
E talvez o erro tenha sido esse
Nos tentar parecer com essa criatura
Que padece mais de si
Que qualquer outra coisa que tenha caminhado , ou rastejado, ou esteja por inventar
Verdade dura...

Mas nós tentamos
Ainda que alguns dias acorde
Com vontade de voltar a dormir
Como uma música em que a guitarra só tem um acorde
Fico confuso, se ei de gritar ou fugir
Se ei de calar ou sorrir
Se ei de lutar
Se ei de seguir
Se sequer consigo...
Se realmente é possível fazer algo diferente
Mas tentamos...
Respiramos fundo, e damos mais um passo em frente