sábado, 26 de abril de 2025

Néctar de ti

 A linha tênue entre foder e fazer amor 

Entre o obsceno e a arte 

Gemidos, de algo entre o prazer e a dor 

Sede de algo que não pode saciar-te 


Beijos pelo pescoço que incendeiam 

E deixam, a roxo, memórias na pele 

Troca de olhares que em silêncio se anceiam 

Entre doce e picante, malagueta e mel 


Néctar de ti, que minha língua procura 

Suspiros que se ouvem dispersar 

Por entre a noite escura 

Promessas de quem não se sabe nem quer largar 


Traços vermelhos marcados pelas costas 

E unhas que se vincam nos ombros

Como se eu adivinhasse tudo o que gostas 

És o templo que venero, mas deixo em escombros 


Como quem desfaz porque o sabe fazer 

Só para construir de novo, moldada a mim

Em cada momento que te contorces de prazer 

E sentes que mais nada te faz senti assim


O descontrole trazido por mim olhar, um toque...

Que te faz suspirar, com a vontade de entrega 

Mordida no lábio, que leva a mente a reboque 

Doce perdição, na tentação da nega 


Como se cada batida desse coração 

Estivesse sobre o controlo da minha vontade 

E tu, mergulhada no meu ser 

Sabendo que é quando te prendo que sentes liberdade 


Entre os barulhos da cidade

Ou os murmúrios da floresta 

Sentes-te embriagar pela minha sobriedade 

Até que minha respiração em teu ouvido é tudo o que te resta 


 Instinto animal de quem se devora 

Como quem tenta correr atrás do tempo

Quando se sabe que já passou da hora 

Mas, ainda assim, procura esse alento 


Anjos tapam a cara, corados 

E cada demônio tira o seu apontamento 

Enquanto contemplam meus dedos, em ti marcados 

E ouvem gemidos, que se não fossem do prazer, pareceriam de sofrimento 


Entre o toque gélido do azulejo

Que morde teu corpo 

E o calor do meu, quando te beijo

E sussurro ao ouvido, quase em sufoco


O quanto me deixas louco 

É o que mantém a minha sanidade 

Enquanto derretes sobre mim,pedes  mais um pouco

E em nosso suor dissolvesse a realidade


Entre o gostar e o puro desejo 

Numa promessa da eternidade que não se sabe se vem 

Um pacto, selado com um beijo

Num momento em que parecemos olvidar da existência de mais alguém 


Até a exaustão nos levar 

Depois desses momentos que não se conta a ninguém 

Adormecem corpos suados, sem se largar 

E sabemos que até acordar, estará tudo bem


Num despertar com a contemplação 

Das marcas, testemunhas de uma noite de prazer 

Com músculos doridos, e memórias de gemidos e satisfação 

Que a lua se escondeu atrás de nuvens, para não ver

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