A linha tênue entre foder e fazer amor
Entre o obsceno e a arte
Gemidos, de algo entre o prazer e a dor
Sede de algo que não pode saciar-te
Beijos pelo pescoço que incendeiam
E deixam, a roxo, memórias na pele
Troca de olhares que em silêncio se anceiam
Entre doce e picante, malagueta e mel
Néctar de ti, que minha língua procura
Suspiros que se ouvem dispersar
Por entre a noite escura
Promessas de quem não se sabe nem quer largar
Traços vermelhos marcados pelas costas
E unhas que se vincam nos ombros
Como se eu adivinhasse tudo o que gostas
És o templo que venero, mas deixo em escombros
Como quem desfaz porque o sabe fazer
Só para construir de novo, moldada a mim
Em cada momento que te contorces de prazer
E sentes que mais nada te faz senti assim
O descontrole trazido por mim olhar, um toque...
Que te faz suspirar, com a vontade de entrega
Mordida no lábio, que leva a mente a reboque
Doce perdição, na tentação da nega
Como se cada batida desse coração
Estivesse sobre o controlo da minha vontade
E tu, mergulhada no meu ser
Sabendo que é quando te prendo que sentes liberdade
Entre os barulhos da cidade
Ou os murmúrios da floresta
Sentes-te embriagar pela minha sobriedade
Até que minha respiração em teu ouvido é tudo o que te resta
Instinto animal de quem se devora
Como quem tenta correr atrás do tempo
Quando se sabe que já passou da hora
Mas, ainda assim, procura esse alento
Anjos tapam a cara, corados
E cada demônio tira o seu apontamento
Enquanto contemplam meus dedos, em ti marcados
E ouvem gemidos, que se não fossem do prazer, pareceriam de sofrimento
Entre o toque gélido do azulejo
Que morde teu corpo
E o calor do meu, quando te beijo
E sussurro ao ouvido, quase em sufoco
O quanto me deixas louco
É o que mantém a minha sanidade
Enquanto derretes sobre mim,pedes mais um pouco
E em nosso suor dissolvesse a realidade
Entre o gostar e o puro desejo
Numa promessa da eternidade que não se sabe se vem
Um pacto, selado com um beijo
Num momento em que parecemos olvidar da existência de mais alguém
Até a exaustão nos levar
Depois desses momentos que não se conta a ninguém
Adormecem corpos suados, sem se largar
E sabemos que até acordar, estará tudo bem
Num despertar com a contemplação
Das marcas, testemunhas de uma noite de prazer
Com músculos doridos, e memórias de gemidos e satisfação
Que a lua se escondeu atrás de nuvens, para não ver
Sem comentários:
Enviar um comentário