sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Losing myself in the forest
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Sou...
Sou
Toque de sonho erótico
O raro, o diferente
Sou aquilo que não é gente
Mas a gente; curiosa; anseia ter...
Sou um animal exótico, visto pela primeira vez e desejado.
Não pela cor da minha pelagem, ou por alguma característica em concreto, mas
concretamente por nenhuma das minhas características se assemelhar a algo que pareça
familiar.
Sou a noite no Inverno de Norilsk quando procuras um par de horas longe do sol.
Convidativo por parecer ser exatamente o que procuras, disponível dia após dia.
Mas depois decides que queres que eu acenda e ilumine e aqueça...mas essa escuridão
que te chamou dura três meses.
Procuravas o silêncio, e eu sei ser calado quando me pedem. Então quiseste reclamar
esse silêncio para ti porque nunca imaginaste que algo assim pudesse realmente existir.
Mas eu ou a câmara anecoica de Orfield...o meu silêncio é tal que não suportas aquilo que
mais pediste, porque te enlouquece ouvir o teu coração, sentir que ouves o sangue
percorrer as tuas veias. E a tua mente tenta a gritos preencher esse vazio que é a
absência de qualquer som...
Tenho o som de água fresca, então quiseste tomar-me para ti para que pudesses beber sempre que quisesses.
Para que, em luxúria, te banhasses em mim e usasses-me para regar as tuas flores.
Mas eu sou o Lago Baikal. Mergulhaste em mim mas ficaste assoberbada pela minha
imensidão, pela profundidade da minha existência, por quão antigo eu sou.
A talassofobia tomou conta de ti, e a vertigem fez-te perder o equilíbrio. Correste para longe sem te despedires, deixando-me a afogar em mim mesmo com o sentimento de culpa.
Sou o animal raro e majestoso que viste e quiseste domar pela sua ferocidade. Então o
medo da minha imponência tomou conta de ti, mas a ganância de me possuir era maior, e
eu gostava de teu toque, deixando-me domesticar sob a tua voz e perfume.
Depois abandonaste-me, porque já não era a fera que te maravilhou. Mas antes
cortaste-me as garras e mandaste encurtar meus dentes, para te sentires segura.
E agora não consigo caçar, não me reconheço no reflexo do charco raso que são teus olhos
que tanto me quiseram e agora me desdenham.
Sou tanto, que quase chego a ser tudo. Mas o que é tudo, quando deixam esfarrapado
aos ventos tudo aquilo pelo que rezaram aos seus deuses para ter, e quando o tiverem,
não souberam ter.
Na verdade, já não sou tudo...já não sou tanto. E tudo o que sou é um nada, despido e despojado de tudo o que arrancaram de mim.
De mim só sobram poemas, pensamentos e promessas que nunca planearam cumprir.
Sobram os meus sentimentos espalhados ao mesmo vento que eles espalharam as cinzas
daquilo que deixei de ser.
domingo, 1 de dezembro de 2024
Sei que me vou arrepender...
"Sei que me vou arrepender disto..."
É uma frase para ser dita quando pegamos em mais uma caneca de cerveja.
Quando agarramos aquele ultimo shot, ou aceitamos mais uma rodada.
É o que dizemos quando decidimos praticar um desporto novo, ou entrar numa caminhada de 70km.
É o que nos dizemos antes de começar um turno triplo ou de ir trabalhar a um domingo...
Não é algo que se diga quando se decide largar tudo aquilo que sempre disseste querer ter na vida.
Não é algo que se pense antes de partir, e partir tudo o que restava dentro de um peito.
E disser que "não é um ponto final, é um desvio por estradas opostas que sei que voltam a encontrar-se, porque estamos destinados. E sei que me vou arrepender"
Não se brinca com o destino. Até o que está destinado pode ser quebrado por se dar algo como certo.
Até os fios das Nornas podem quebrar e sair do tear do destino.
Não se deve zombar das bênçãos de Freya.
Como podes estar certa de querer sair, mas esperar que eu esteja sentado no alpendre, em nostalgia, pronto a celebrar o teu regresso como um milagre?
Hoje sei que é possível gostar de alguém mais do que nós mesmos... e que amar é dar a alguém o poder de nos destruir, mas acreditar que não o farão.
Lembra-te, amei-te com todo o meu ser. Em especial aquele meu lado sensível que não mostro a ninguém
Meu defeito é que sinto em demasia... as coisas mais pequenas causam dor intensa.
Minha qualidade é que sinto demais... pequenos detalhes inspiram-me e dão-me motivos para seguir em frente.
E sigo em frente...deixo partir a pessoa que mais quero a meu lado, a tentar entender como se aceita que o amor da nossa vida não é o amor para a nossa vida...deixo-te partir porque a tua felicidade ainda me importa mais do que a minha.
Mas não zombes do destino, mesmo a deusa da magia e do amor não é gentil com quem brinca com a sua bênção. Se sabes que te vais arrepender, arrepende-te enquanto ainda doí tudo dentro de mim, enquanto ainda não sei secar as lagrimas, enquanto dou por mim a rever as conversas antigas, e penso como ei de te dar mais uma ou duas boas memórias para a viagem...
Porque quando souber respirar sem me doer o peito...
Quando ouvir teu nome ou te vir na rua e meu coração não falhar um batimento...
Quando tiver aceite que foi o melhor, que estás melhor, que tiveste o que procuras-te...
Ai, não te arrependas como sabias que irias fazer...
Porque ai, vais realmente te arrepender. Porque ai, terei dado o que restou do meu coração aos chacais de Anúbis, em troca de uma escuridão que preencha o peito com calma e sem dor. Ai, terei encontrado alguma maneira de seguir em frente, porque não sei estar parado, e porque ficar agarrado ao passado mata-me lentamente.
Guardarei as memórias como tesouros, e falarei bem de ti a todos. Sou péssimo a mentir, mas vou guardar os nossos segredos...
Mas serão isso, memórias e segredos.
Tu escolhes-te perder-me. Mesmo quando eu escolhi a ti contra todo o bom senso e razão, mesmo quando todos os passos que davas pareciam propositados a afastar-me ( ou magoar-me ), eu decidi ficar. E tu decidiste partir, e partir-me.
Se voltares a ver-me e eu estiver a sorrir...daquela maneira que sabes que surrio quando estou em paz...
Ai poderas dizer a ti mesma que sabias que irias te arrepender
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Insónia
Continuo sem conseguir dormir...
E sem entender o porquê.
É culpa ? É perda ? É luto ?
Já estava a espera de não conseguir sorrir
Mas ser incapaz de descansar...
Começa a deixar um dano especial
Foi uma parte de mim que decidiste levar ?
Para garantir que foste a última com quem pude sonhar
Ou minha mente tenta se proteger
Para que eu não sonhe nada de mal...
Mas é o quarto dia sem dormir
E o pouco que dormi nos últimos sete...
Nem sequer dá para considerar
O ciclo repete
Rolo na cama, mas o sonho não vem
Nenhum comprimido ajuda
E eu já não me sinto bem
Já nem sei como me sinto...
Ridículo...talvez ridículo dar por mim a pensar
Que conseguiria adormecer facilmente
Com os teus dedos em meu cabelo...
Mas não tenho a coragem de o pedir ou mendigar
Estou a enlouquecer...ou será que já enlouqueci ?
Não reconheço o reflexo no espelho
E até às vozes dentro de mim me abandonaram
Como se fosse um mergulho, afundo-me num oceano de apatia
Sinto tudo dormente...uma dor latente
Já nem me sinto gente
Já nem sinto totalmente...
E dou por mim a pensar
Eu não consigo dormir ?
Ou não consigo acordar ..?
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Química
Tantos falam de química ...
Tentando descrever a atração que sentem e os fazem sentir; se é que faço sentido.
A forma quase magnética como são atraídos um para o outro, como se querem mais e mais. A fome que se têm ou como as suas fantasias e posições favoritas se alinham
Química ?
Eu riu-me...sou obrigado a rir
A química que nós temos é a oxitocina que faço teu corpo libertar um orgasmo atrás de outro, e te faz sentir apaixonada. A adrenalina que bombeia, em resposta á forma como agarro teu corpo, fazendo o sangue bombear mais rápido.
Para aquele Boost de dopamina que nenhum hobby ou projeto ou horas de scrolling pode dar ..
Química ? É ridículo dizer que temos química...
A forma como nos agarramos e deixamos o corpo um do outro marcado ? Os arranhões e dentes vincados na pele
Os gemidos que não se conseguem manter mudos, por mais que se tente
Somos alquimia, somos areia transformada em ouro e pedra filosofal
Somos feitiçaria, grimórios inteiros escritos para entender o que nos une e como nos unimos, como dois corpos encaixam na perfeição. Como se fode um corpo enquanto se faz amor com uma mente, como se fode uma mente com as palavras mais obscenas, enquanto se venera um corpo; lentamente, aumentando esse fogo que queima por dentro até suplicares para ele te consumir.
O anjo no meu ombro tornou-se um pecador...
E mesmo assim...mesmo quando tínhamos tudo...
Dou por mim nesta cama vazia a recordar teu cheiro e como os teus dedos me acalmavam enquanto brincavam com meu cabelo...
Saberia lá...
Sabendo que uma vida não nos chegava para nós amar-mos...
Que; desde o primeiro beijo, da primeira hora em chamada, o sentimento que nos conhecíamos há vidas logo se tornou uma certeza, que estávamos destinados a ser...
Como iria saber que, ainda assim, nem esta vida iríamos aproveitar...
Pergunto-me como se pode desperdiçar aquilo que muitos vivem uma vida inteira sem encontrar...
Motivo para poemas e canções e histórias e exemplos ...
Dizias que eu era a outra ponta do fio vermelho, do destino traçado pelas nornas, do que estava destinado a ser...
E ainda assim ... Me sinto deixado, deitado sobre um campo de lírios vermelhos de aranha...
Saberia lá eu que é possível pedir por algo...conseguir tê-lo e depois abrir mão disso ...
Deixo de me sentir humano, para me sentir um peixe, pescado num entretenimento de domingo de manhã num serão de pesca desportiva entre amigos.
E agora ... Deixei-me ser tão teu que já nem meu sou ...
Dizia que não escrevia poesia...que eras a minha poesia, e eu apenas escrevia sobre ti.
Depois de 15 anos decidi finalmente escrever um livro... E na quinta página, arrancaste todas as folhas que tinha em branco para escrever...
E agora ....
E agora ?
sábado, 23 de novembro de 2024
Gosto da noite
Gosto da noite ...
Tudo é mais tranquilo
Menos ruido de pessoas e viaturas pelas ruas
O que permite que o ruído que tenho em mim desvaneça um pouco enquanto olho pela janela para o céu estrelado, e contemplo um horizonte familiar, recordando memórias e inícios de histórias que nunca pensei que teriam um ponto final...
Sim, sou louco ( ou ingénuo) o suficiente para acreditar que algumas histórias não têm ponto final, e; como uma traça em direção á luz, dou por mim a bater contra esse objectivo uma e outra vez até ficar inconsciente no chão
Gosto da noite...
Cruzo com menos pessoas que me perguntam como estou. Não tenho que fingir e sorrir e dizer que está tudo bem por pura cortesia de responder a quem só me pergunta isso como desbloqueador de conversa que na verdade ninguém quer ter.
Posso apreciar a paisagem sem que vinte indivíduos passem de bicicleta naquele momento que até me apeteceu fotografar aquela borboleta a pousar no cogumelo porque me parecia poético... Mas tanto a borboleta como o cogumelo estão agora tão pisados como os meus sonhos.
Posso me deitar numa pedra no meio do nada sem ter de ouvir alguém a comentar que " aquele tipo deve estar bêbado ...ou a sentir-se mal, ou a sentir-se mal de bêbado...talvez esteja triste..."
Pois...ou talvez só queira estar assim, como me dá vontade, sem ser objeto de estudo filosófico das duas senhoras que vieram passear os cães, mas não trazem os saquinhos onde poderiam meter tanto os dejetos dos cães como os comentários delas.
Já não sinto que o sol me aqueça, mas a lua cada vez mais me dá tranquilidade.
Dou por mim às 4 da manhã a escrever isto, em puro devaneio enquanto olho por uma janela que não é minha, e não há uma chamada de telemarketing para me interromper. Não há olhos postos em mim, aparte de um par deles no 3° direito do prédio em frente, que me vão fitando ocasionalmente, talvez por ser uma cara desconhecida, talvez por se indagar se serei mais uma pessoa que não consegue dormir, ou filosófe sobre mim também e o que me mantém às 4 da manhã a uma janela, se não é para fumar. Por estranho, não me incomoda em nada essa possibilidade, ao contrário das senhoras dos cães, mesmo que ela pense que estou bêbado á janela, de noite ninguém o julga.
Ela acena e fecha a janela com a calma que eu ontem fechei meu peito. E eu, fito as estrelas e as luzes e a calma, disfrutando da solidão que trago como companheira.
Fiz o luto de algo que ainda sinto vivo, mas que a escuridão que pedi emprestada para preencher meu vazio, me sussurra que morreu faz tempo.
E termino de escrever este devaneio poético, na internet onde tudo está aos olhos de tudo, mas meu anonimato e o desinteresse do mundo em mim, faz com que seja tão seguro e secreto como um diário que ninguém lê.
Cada vez gosto mais da noite...
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Dispo...
Dispo a roupa...
Com o sabor de uma promessa a mim mesmo
Que, daqui para a frente, será a única coisa que voltarei a despir
Que a mascara que me protegia passará a ser a mascara que sou, e os muros que tinha á minha volta nunca se voltarão a baixar. Que foi a ultima vez que mostrei quem era debaixo do que me guarda...em que expus o meu coração, só para o ver ser utilizado como um alvo de dardos...
Onde todas as minhas boas intenções foram instrumentalizadas para proveito de quem não me soube aproveitar, mas apenas aproveitar-se de mim...
Coloco o corpo debaixo do chuveiro...
A água quente marca a pele e torna-a rosada...
Era suposto doer...
Mas talvez a dor que sinto por dentro me distraia e me deixe alheio á dor que deveria sentir por fora...
Talvez o gelo que envolve meu peito seja tão frio que a água não me chegue realmente a queimar
Talvez seja esta letargia...a dormência que me convida a não sentir, para não sofrer...para que possa dormir sem ser assombrado pelas vozes que; ora sussurram ora gritam e me fazem enlouquecer....
Saio e coloco as vestes... Com a certeza intrínseca que será a única coisa que permitirei a alguém voltar a despir de mim...
Porque nunca mais me desnudarão do meu ser, dos meus sonhos. E nunca mais irão ter a oportunidade de retirar as minhas mascaras para espreitarem quem eu fui, na tentativa de me fazerem voltar a ser isso de novo, só para me lembrarem depois, a tons de dor, porque é que havia decidido deixar de ser-lo
Pois que me marquem o corpo, mas nunca mais me marcaram a alma.
Pois que me prometam que são diferentes, que desta vez será diferente...
Que eu serei diferente...do que fui até agora, passando a ser para sempre o que agora sou.
Tão frio que nem a água que marca a pele aquece ou faz sentir
Que a escuridão me abrace e me faça seu...para que ninguém mais me convença num abraço que poderia ser de outro alguém, só para que depois me fizesse sentir que nem sequer era de mim mesmo
terça-feira, 19 de novembro de 2024
Queimei...
Dizem que o amor é fogo
Que arde sem se ver
E tu dizias que teu coração estava frio
Então incendeie o meu,
Só para te aquecer
Por ti queimei...e ardi
Dei tudo o que sabia
E nem sei quanto mais inventei
Para que dissesses, um dia
" Tive tudo que sempre sonhei..."
Tentei ser magia...
Que fosse um conto de fadas
Tentei ser tudo
Para acabar em nadas
Dizias que tinhas frio
Por isso ardi
Para te aquecer
Para te dar alento
E de mim...
Deixaste-te esquecer
E sobraram apenas cinzas
Sopradas ao vento
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
Destinados a ser
E foi quando te toquei pela primeira vez
Que finalmente entendi
Que encontrei a resposta a todos os porquês
Porque tudo o que procurava, estava em ti
Já sentia a tua falta
Ainda nem sequer te conhecia
Em meu peito, um coração que se exalta
Que te anseia a cada dia
Cada sorriso teu parece magia
Fico hipnotizado a admirar
Pareço um puto apaixonado
Que só te quer mimar...
E até pensaram que era passageiro
Mas o que somos, veio para ficar
Sabíamos que era amor verdadeiro
Ainda que não soubessemos explicar
Como se estivéssemos destinados a ser
Como se já o tivéssemos sido
Como se te procurasse há várias vidas
Como se só fosse completo, contigo
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Sou o medo
Sou aquilo que não vês
Sou a incerteza no meio da escuridão
Sou o medo e os porquês
Que palpitam em teu coração
Sou o sussurro que chama
Mas não tens certeza de ouvir
Sou a coisa debaixo da cama
E a ânsia de correr, fugir
Sou a tua imaginação
E danças na ponta de meu dedo
Sou demônio...sou fantasma
Sou teu dono
Sou teu medo
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
Na noite que a traí
Disse que a traí, naquela noite
No meio de toda a gente que nos conhecia
Porque trair não é só agarrar alguém
Mas olhar alguém e sentir magia
E eu dei por mim, ébrio e entorpecido
A ver aquela miúda dançar
E a imaginar tela comigo
Dei pelo meu coração acelerar
A vontade de a tocar
Saber o que a levava a dançar assim
Querer sentir o seu sabor
E ter o seu calor só para mim
Eu contei-lhe, que a traí em pensamento
Mas a verdade era mais complicada
Porque a menina da estrela que eu vidrei
Era, afinal, aquela que eu já namorava
E, naquela noite, novamente me apaixonei
sábado, 26 de outubro de 2024
Copo meio vazio
Sou o meio vazio do copo
Sou o que ainda não é
Sou louco
Sou foco, força, fé
Sou o que ainda irá ser
Sou a parte vazia
O que falta fazer nesse dia
O que ainda se vai aprender
Sou a tela em branco
Pronta, disponível a pintar
Sou sentimento franco
E o que não se sabe explicar
Sou o vazio
Pronto para se preencher
Inspiração da brisa à beira rio
Que faz o peito vibrar
E o coração tremer
Sou a curiosidade
Centelha na escuridão
Sou a sede pela verdade
Sou o que ainda não sabe o que deve ser
Sou arrepio, calafrio
Sou aluno e aprendiz
Sou o que ainda não se diz
Sou copo...meio vazio
domingo, 11 de agosto de 2024
Eus
Quantos eus eu já fui
Quantos ficaram pelo caminho
Quantos se perderam
Quando para me encontrar, fiquei sozinho
Quantos eus eu já quis ser
E de quantos eu desisti
Alguns tinham de ficar para trás
Para eu conseguir chegar até aqui
Quantos eus eu realizei
Com um toque de sonho realizado,
Daqueles que foram pedidos a uma estrela cadente
Outros, deixados de lado
Porque se não eu, seria alguém diferente
Quando tenho de ser fiel a mim mesmo
Mas encontrar um eu que mereça que lhe seja fiel
Alguns amargos, desconfiados
Outros doces, com travo de mel
Quantos eus inspirados
Quantos não se conseguiram inspirar
Quantos eus eu ainda sou
Quantos ainda virei a alcançar
Como o virar da folha
Encontro mais sobre este eu, num poema
Num momento de inspiração
Ou na resolução de um problema
Porque a vida não tem uma equação
Uma resposta única e correta
Sei que este não é meu eu final
Mas um passo mais no processo
Porque no dia em que achar que só sou um eu
Começarei a andar para trás, em retrocesso
Quantos eus eu já vi mal
Quantos lutaram por um eu melhor
Quanta luta, lágrimas, suor
Quantos quiseram desistir do amor
Mas nenhum eu poderia ser eu...sem amar
Porque só resta desistir
Para quem se recusa a acreditar
E se este eu; hoje; não conseguir
Eu levanto-me como um outro alguém
Disposto a voltar a tentar
Repetir, reinventar
Um eu é inspirado
Outro só saciado quando sente que pode inspirar
Outros eus, e outros outros,
Porque seja quem eu vier a ser
Há coisas que qualquer eu
Não consegue não fazer
Enraizado, vincado no âmago e essência
Quantos eus ignoram a política
Cada um sente diferente a religião
Uns procuram a resposta
Outros divertem-se com a ciência
Das coisas...do ser
Nenhum eu pode perder tempo
Porque não sabem o tempo que eu irei ter
terça-feira, 9 de julho de 2024
Onde e como ?
Onde encontras a força ?
Quando tudo em teu interior te diz que o melhor é parar e desistir
Onde secas essas lágrimas que te denunciam a dor ?
Onde arranjas motivos para continuar e sorrir ?
Onde existe ainda o amor ?
Como ainda acreditar nas pessoas
Quando tudo parecem memórias más
Onde encontras as boas ?
Onde anda a esperança
Para seguir em frente
Tentar, fazer diferente
Dizem que depois da tempestade, vem a bonança
Mas eu devia estar a dormir quando esse sol brilhou
Onde devo me abrigar
Quando esta chuva faz eu sentir-me gelado ...
...Bem no meu interior
Onde escolho alguém para ficar a meu lado
Quando todos parecem estar melhor sem mim
Como silêncio estás vozes que gritam a meu ouvido
Como paro de me sentir assim
Uma alma perdida, uma assombração
Sempre a estragar tudo
Onde me libro desta maldição?
Onde posso trocar o meu coração
Acho que veio com problemas
Sinto demais...e faltam as palavras
Depois acabo a divagar em poemas
Onde é suposto eu estar ?
Para onde devia eu ir ?
Onde consigo respirar...
Quando a corrente me puxa para baixo
E falta a força para lutar
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Escreve
Escreve... E que a tinta escorra como um rio
Que a fricção dessa caneta seja calor...Que derrete o gelo frio
Que sejas chama, que seja amor
Que ilumine e preencha o vazio
Que as letras corram, como areia na ampulheta
Que contes minutos em poesia
Páginas para mais um dia
Que sejas praia e nevoeiro e maresia
Escreve...
E expande essa imensidão que és
Quando te vejo a escrever
Sinto o mundo a tremer
E a aninhar-se aos teus pés
Escreve...
Porque tu não deves nada
E este mundo, tanto te deve
E que o sol faça greve
Que o som fique mudo na sua clave
Que os anjos toquem as suas cornetas
Que pássaros chilreiem em medio grave
Que se esgote a tinta em todas as canetas
Que desenhes todas as praias em sua areia
Que o mundo seja tua plateia
Que desvaneça tudo o que a tua alma receia
E teu coração tenha tudo o que pede...
E, se duvidares por um segundo...
Pega nessa folha...
E escreve
sábado, 1 de junho de 2024
Um passo em frente
Qual Prometeu.....
Que compriu o que prometeuQue deu o que não acharam se poder cumprir
Do qual toda a humanidade já se esqueceu
Do qual qualquer um não pensou ver sorrir ...
O fogo roubado aos deuses....
Dado como um bem adquirido
Enquanto tudo o resto foi esquecido ...
Como se de uma história diferente.....
Enquanto escravo de mais uma bebida
Busco a força para seguir em frente
...
Encontrar essa força quase esquecida
...
A esperança desta vez ser diferente ...
Um significado para uma vida
...
Força para dar mais um passo em frente ...
Razão para que tudo valha a pena ..
Quando se sente essa chama...
Outrora fogo grego
Ficar cada vez mais pequena
A dúvida de quem ainda a ama
O avassalador medo
Como fazer diferente?
E eu que só precisava duma...
Única razão para continuar a seguir em frente...
Em tempos poderia conseguir conquistar o espaço...
Hoje preciso de motivo para mais um passo...
Para poder seguir em frente...
sexta-feira, 12 de abril de 2024
Soldadinho de chumbo
Soldadinho de chumbo
De volta a caminhar
Perdido nesse mundo
Que pensaste abandonar
Em prol de uma bandeira
De um juramento e palavra
Que julgavas verdadeira
E que, verdadeiramente te tentou deixar sozinho
As palavras não contam para o banco
E não importa o quanto o sentimento for franco
Quando a tua perna está quebrada
Ainda que saibas do que és capaz
Para essas cores, tu já não vales nada
Ainda que fosses guerreiro da verdade e soldado da paz
Calma rapaz...eles não sabem, nem querem saber
Do que fizeste para conquistar
Esse lugar que fizeste por merecer
Quando a política vem camuflada
E o camuflado vem de cores de partidos
E tu és só um soldado partido
Por jogos e acordos , por interesses que não se podem entender
Ainda que não saibas o significado de desistir
Ainda que tenhas jurado uma bandeira
Até a tua ultima gota de sangue se esvair
Tu sabes...o incomum virou normal
Uns lutam por ser o número um
Outros dão tudo , não importa o quanto tudo esteja mal
Mais um dia...mais uma volta do mundo ao sol
A vida mostrasse dura
Para quem foi mole
Mas toda esta conjetura
Deixa cicatrizes em quem nunca desistiu
Para quem perdura e luta
Na cara da dificuldade agradeceu e sorriu
Filho da pátria que o pariu
E se pergunta o que será de nós
Nada que ficar surpreso
Foi assim no tempo dos meus pais
Já era assim no tempo dos meus avós
E tu, que não sabes para onde vais
Ainda que saibas para onde queres ir
Soldadinho de chumbo
Filho duma patria que te ousou parir
Agora és pària
Joguete num jogo que não quiseste jogar
Quando tudo o que ousaste procurar foi servir
Agora não sabes como sorrir
Para onde te virar...
Qual o caminho a seguir
quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
Chuva
Chuva...
Cai e lava-me a alma
Leva-me tudo o que me leve a calma
Que eu não tenho medo de me molhar
Não temo escorregar na lama
Então cai chuva...
E traz-me alento
Faz com que o tempo passe mais lento
Que não tenho pressa de o ver passar
Que quero cumprir cada promessa
Ver florescer cada flor em rebento
Desabrochar em botão
Florir cada sentimento
E que se enraize no coração
Cai chuva...
E dá de beber ao meu crescimento
Que eu também sou flor
Que eu também sou nuvem
Que eu também bebo amor
Cai, para que te ouça sob o meu telhado
Embalando o meu adormecer
E que cada sonho meu seja realizado
E desse sonho possa continuar a beber
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
Vicio
Meu vicio...minha tusa
Fonte de inspiração
Batida de meu coração
Minha musa
Porque ver-te despida
É mais do que te tirar a blusa
É dedicar-te parte da vida
É ver-te como és, sem nada a esconder
É segurar tua mão quando tens medo
É em segredo fazer-te gemer
São os momentos de loucura
Unhas cravadas nas costas
Suspiros no teu ouvido
E eu sei bem do que tu gostas
São os momentos de ternura
O aproveitar mais um segundo contigo
Antes de sair para trabalhar
E mal saio daquela porta
Já só me importa poder voltar
No escribo poesía
Sabes... Tontería, si que me gusta la poesía, Pero no la escribo. Yo intento, fallo y vivo. Sonrío de las lágrimas que me caen de repente, ...
-
Perco-me do brilho de teus olhos Como se duas estrelas estive-se a olhar A noite envolve-me na escuridão E eu teus cabelos negros a acaricia...
-
Dispo a roupa... Com o sabor de uma promessa a mim mesmo Que, daqui para a frente, será a única coisa que voltarei a despir Que a mascara q...