quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Insónia

 Continuo sem conseguir dormir...

E sem entender o porquê.


É culpa ? É perda ? É luto ?

Já estava a espera de não conseguir sorrir 

Mas ser incapaz de descansar...

Começa a deixar um dano especial

Foi uma parte de mim que decidiste levar ?

Para garantir que foste a última com quem pude sonhar 

Ou minha mente tenta se proteger 

Para que eu não sonhe nada de mal...

Mas é o quarto dia sem dormir 

E o pouco que dormi nos últimos sete...

Nem sequer dá para considerar 

O ciclo repete

Rolo na cama, mas o sonho não vem 

Nenhum comprimido ajuda 

E eu já não me sinto bem

Já nem sei como me sinto...

Ridículo...talvez ridículo dar por mim a pensar 

Que conseguiria adormecer facilmente 

Com os teus dedos em meu cabelo...

Mas não tenho a coragem de o pedir ou mendigar 

Estou a enlouquecer...ou será que já enlouqueci ? 

Não reconheço o reflexo no espelho 

E até às vozes dentro de mim me abandonaram 

Como se fosse um mergulho, afundo-me num oceano de apatia 

Sinto tudo dormente...uma dor latente

Já nem me sinto gente 

Já nem sinto totalmente...

E dou por mim a pensar 

Eu não consigo dormir ?

Ou não consigo acordar ..?

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Química

 Tantos falam de química ...

Tentando descrever a atração que sentem e os fazem sentir; se é que faço sentido.

A forma quase magnética como são atraídos um para o outro, como se querem mais e mais. A fome que se têm ou como as suas fantasias e posições favoritas se alinham 



Química ? 

Eu riu-me...sou obrigado a rir

A química que nós temos é a oxitocina que faço teu corpo libertar um orgasmo atrás de outro, e te faz sentir apaixonada. A adrenalina que bombeia, em resposta á forma como agarro teu corpo, fazendo o sangue bombear mais rápido. 

Para aquele Boost de dopamina que nenhum hobby ou projeto ou horas de scrolling pode dar ..


Química ? É ridículo dizer que temos química...

A forma como nos agarramos e deixamos o corpo um do outro marcado ? Os arranhões e dentes vincados na pele

Os gemidos que não se conseguem manter mudos, por mais que se tente 


Somos alquimia, somos areia transformada em ouro e pedra filosofal 

Somos feitiçaria, grimórios inteiros escritos para entender o que nos une e como nos unimos, como dois corpos encaixam na perfeição. Como se fode um corpo enquanto se faz amor com uma mente, como se fode uma mente com as palavras mais obscenas, enquanto se venera um corpo; lentamente, aumentando esse fogo que queima por dentro até suplicares para ele te consumir.


O anjo no meu ombro tornou-se um pecador...


E mesmo assim...mesmo quando tínhamos tudo...

Dou por mim nesta cama vazia a recordar teu cheiro e como os teus dedos me acalmavam enquanto brincavam com meu cabelo...

Saberia lá...

Sabendo que uma vida não nos chegava para nós amar-mos...

Que; desde o primeiro beijo, da primeira hora em chamada, o sentimento que nos conhecíamos há vidas logo se tornou uma certeza, que estávamos destinados a ser...


Como iria saber que, ainda assim, nem esta vida iríamos aproveitar...

Pergunto-me como se pode desperdiçar aquilo que muitos vivem uma vida inteira sem encontrar...

Motivo para poemas e canções e histórias e exemplos ...

Dizias que eu era a outra ponta do fio vermelho, do destino traçado pelas nornas, do que estava destinado a ser...

E ainda assim ... Me sinto deixado, deitado sobre um campo de lírios vermelhos de aranha...


Saberia lá eu que é possível pedir por algo...conseguir tê-lo e depois abrir mão disso ...


Deixo de me sentir humano, para me sentir um peixe, pescado num entretenimento de domingo de manhã num serão de pesca desportiva entre amigos.


E agora ... Deixei-me ser tão teu que já nem meu sou ...

Dizia que não escrevia poesia...que eras a minha poesia, e eu apenas escrevia sobre ti. 


Depois de 15 anos decidi finalmente escrever um livro... E na quinta página, arrancaste todas as folhas que tinha em branco para escrever...


E agora ....

E agora ?

sábado, 23 de novembro de 2024

Gosto da noite

 Gosto da noite ...

Tudo é mais tranquilo

Menos ruido de pessoas e viaturas pelas ruas

O que permite que o ruído que tenho em mim desvaneça um pouco enquanto olho pela janela para o céu estrelado, e contemplo um horizonte familiar, recordando memórias e inícios de histórias que nunca pensei que teriam um ponto final...

Sim, sou louco ( ou ingénuo) o suficiente para acreditar que algumas histórias não têm ponto final, e; como uma traça em direção á luz, dou por mim a bater contra esse objectivo uma e outra vez até ficar inconsciente no chão 

Gosto da noite...

Cruzo com menos pessoas que me perguntam como estou. Não tenho que fingir e sorrir e dizer que está tudo bem por pura cortesia de responder a quem só me pergunta isso como desbloqueador de conversa que na verdade ninguém quer ter.


Posso apreciar a paisagem sem que vinte indivíduos passem de bicicleta naquele momento que até me apeteceu fotografar aquela borboleta a pousar no cogumelo porque me parecia poético... Mas tanto a borboleta como o cogumelo estão agora tão pisados como os meus sonhos. 

Posso me deitar numa pedra no meio do nada sem ter de ouvir alguém a comentar que " aquele tipo deve estar bêbado ...ou a sentir-se mal, ou a sentir-se mal de bêbado...talvez esteja triste..."

Pois...ou talvez só queira estar assim, como me dá vontade, sem ser objeto de estudo filosófico das duas senhoras que vieram passear os cães, mas não trazem os saquinhos onde poderiam meter tanto os dejetos dos cães como os comentários delas.

Já não sinto que o sol me aqueça, mas a lua cada vez mais me dá tranquilidade.

Dou por mim às 4 da manhã a escrever isto, em puro devaneio enquanto olho por uma janela que não é minha, e não há uma chamada de telemarketing para me interromper. Não há olhos postos em mim, aparte de um par deles no 3° direito do prédio em frente, que me vão fitando ocasionalmente, talvez por ser uma cara desconhecida, talvez por se indagar se serei mais uma pessoa que não consegue dormir, ou filosófe  sobre mim também e o que me mantém às 4 da manhã a uma janela, se não é para fumar. Por estranho, não me incomoda em nada essa possibilidade, ao contrário das senhoras dos cães, mesmo que ela pense que estou bêbado á janela, de noite ninguém o julga.


Ela acena e fecha a janela com a calma que eu ontem fechei meu peito. E eu, fito as estrelas e as luzes e a calma, disfrutando da solidão que trago como companheira.

Fiz o luto de algo que ainda sinto vivo, mas que a escuridão que pedi emprestada para preencher meu vazio, me sussurra que morreu faz tempo. 

E termino de escrever este devaneio poético, na internet onde tudo está aos olhos de tudo, mas meu anonimato e o desinteresse do mundo em mim, faz com que seja tão seguro e secreto como um diário que ninguém lê.

Cada vez gosto mais da noite...


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Dispo...

 Dispo a roupa...

Com o sabor de uma promessa a mim mesmo

Que, daqui para a frente, será a única coisa que voltarei a despir

Que a mascara que me protegia passará a ser a mascara que sou, e os muros que tinha á minha volta nunca se voltarão a baixar. Que foi a ultima vez que mostrei quem era debaixo do que me guarda...em que expus o meu coração, só para o ver ser utilizado como um alvo de dardos...

Onde todas as minhas boas intenções foram instrumentalizadas para proveito de quem não me soube aproveitar, mas apenas aproveitar-se de mim...


Coloco o corpo debaixo do chuveiro...

A água quente marca a pele e torna-a rosada...

Era suposto doer...

Mas talvez a dor que sinto por dentro me distraia e me deixe alheio á dor que deveria sentir por fora...

Talvez o gelo que envolve meu peito seja tão frio que a água não me chegue realmente a queimar

Talvez seja esta letargia...a dormência que me convida a não sentir, para não sofrer...para que possa dormir sem ser assombrado pelas vozes que; ora sussurram ora gritam e me fazem enlouquecer....


Saio e coloco as vestes... Com a certeza intrínseca que será a única coisa que permitirei a alguém voltar a despir de mim...

Porque nunca mais me desnudarão do meu ser, dos meus sonhos. E nunca mais irão ter a oportunidade de retirar as minhas mascaras para espreitarem quem eu fui, na tentativa de me fazerem voltar a ser isso de novo, só para me lembrarem depois, a tons de dor, porque é que havia decidido deixar de ser-lo 

Pois que me marquem o corpo, mas nunca mais me marcaram a alma. 

Pois que me prometam que são diferentes, que desta vez será diferente...

Que eu serei diferente...do que fui até agora, passando a ser para sempre o que agora sou.

Tão frio que nem a água que marca a pele aquece ou faz sentir 

Que a escuridão me abrace e me faça seu...para que ninguém mais me convença num abraço que poderia ser de outro alguém, só para que depois me fizesse sentir que nem sequer era de mim mesmo

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Queimei...


Dizem que o amor é fogo

Que arde sem se ver

E tu dizias que teu coração estava frio

Então incendeie o meu, 

Só para te aquecer 

Por ti queimei...e ardi

Dei tudo o que sabia 

E nem sei quanto mais inventei 

Para que dissesses, um dia 

" Tive tudo que sempre sonhei..."

Tentei ser magia...

Que fosse um conto de fadas 

Tentei ser tudo

Para acabar em nadas


Dizias que tinhas frio

Por isso ardi

Para te aquecer

Para te dar alento

E de mim...

Deixaste-te esquecer 

E sobraram apenas cinzas

Sopradas ao vento 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Destinados a ser

 E foi quando te toquei pela primeira vez

Que finalmente entendi

Que encontrei a resposta a todos os porquês 

Porque tudo o que procurava, estava em ti


Já sentia a tua falta

Ainda nem sequer te conhecia 

Em meu peito, um coração que se exalta 

Que te anseia a cada dia

Cada sorriso teu parece magia

Fico hipnotizado a admirar 

Pareço um puto apaixonado

Que só te quer mimar...


E até pensaram que era passageiro

Mas o que somos, veio para ficar

Sabíamos que era amor verdadeiro

Ainda que não soubessemos explicar


Como se estivéssemos destinados a ser

Como se já o tivéssemos sido

Como se te procurasse há várias vidas

Como se só fosse completo, contigo

No escribo poesía

Sabes... Tontería, si que me gusta la poesía, Pero no la escribo. Yo intento, fallo y vivo. Sonrío de las lágrimas que me caen de repente, ...